Prefiro as rosas, meu amor, á pátria,
E antes magnólias amo
Que a glória e a virtude.
Longo que a vida me não canse, deixo
que a vida por mim passe
logo que eu fique o mesmo.
Que importa aquele a quem já nada importa
que um perca e outro vença,
se a aurora raia sempre,
E cada ano com a Primavera
as folhas aparecem
e com o Outono cessam?
E o resto, as outras coisas que os humanos
acrescentam á vida,
que me aumentam na alma?
Nada, salvo o desejo de indiferença
e a confiança mole
na hora fugitiva.
Fernando Pessoa.
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